terça-feira, 27 de janeiro de 2009

PERSONALIDADE: Burle Marx

por Gustavo Werneck - Jornal Estado de Minas

Para o amigo inglês Laurence Fleming, autor do livro Roberto Burle Marx, um retrato, o paisagista era a cara do físico Albert Einstein. Quem vê a fotografia do homem de fartos cabelos grisalhos, de bigode e óculos não tarda a compará-lo ao escritor baiano Jorge Amado. Mesmo que as aparências enganem, o certo é que, para quem o conheceu pessoalmente, era um homem de personalidade forte, comunicativo, ao mesmo tempo alegre e sério. Considerado o “pai do paisagismo moderno”, foi ainda desenhista, pintor, tapeceiro, ceramista, escultor e pesquisador, entre outras atividades.

Burle Marx nasceu em São Paulo, em 4 de agosto de 1909. Era o quarto filho da pernambucana Cecília Burle, exímia pianista, e do alemão Wilhelm Marx, dono de um curtume, homem culto, amante da música erudita e da literatura europeia. Desde cedo, o menino demonstrou afeto pelos jardins, ao acompanhar Cecília no trato diário de rosas, begônias, antúrios e outras flores dos canteiros da casa. Em 1913, a família se mudou para o Rio de Janeiro. De 1928 a 1929, ele estudou pintura na Alemanha, tendo sido frequentador assíduo do Jardim Botânico de Berlim, onde descobriu, nas estufas, a flora brasileira. Em 1949, com a compra do sítio de 365 mil metros quadrados em Barra de Guaratiba – em 1985, propriedade e acervo foram doados ao governo federal –, Burle Marx organizou uma grande coleção de plantas. Em 1955, fundou a empresa Burle Marx & Cia. Ltda., que cuida de todo o seu legado (projetos paisagísticos), e é dirigida pelo ex-sócio e amigo de quase 30 anos, o arquiteto Haruyoshi Ono.

Marx morreu em 4 de junho de 1994, no Rio, vítima de câncer no estômago. Entre seus principais projetos paisagísticos estão ainda o do Parque do Ibirapuera (SP), o do Museu de Arte Moderna (RJ), o Eixo Monumental de Brasília (DF) e o projeto da Embaixada do Brasil em Washington (EUA).

FONTE: http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2009/01/18/em_noticia_interna,id_sessao=2&id_noticia=95780/em_noticia_interna.shtml

Projetos paisagísticos de Burle Marx dão identidade a BH

por Gustavo Werneck - Jornal Estado de Minas

Se estivesse vivo para participar, este ano, das comemorações do seu centenário, o paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx (1909-1994) passaria do céu ao inferno em questão de segundos.

Autor de dezenas de projetos paisagísticos em Minas Gerais, a maior parte na capital, ele, com certeza, ficaria satisfeito ao ver a conservação do Parque das Mangabeiras, na Região Centro-Sul, que ganhou seu traço em1980, mas horrorizado ao visitar a Praça Alberto Dalva Simão, na Pampulha, para a qual trabalhou nas décadas de 1940 e 1970. Enquanto o primeiro espaço mantém a beleza original, plantas bem cuidadas e limpeza permanente, o segundo vive em petição de miséria, ultrajado por uma série de outras agressões. “Burle Marx foi o arquiteto da paisagem, um mestre em organizar ambientes para atender as necessidades do homem. Há, em BH, uma falta de preocupação, de cultura e de apreço para com a sua obra, que é de reconhecimento internacional”, diz o arquiteto e urbanista mineiro Ricardo Lana, que lança, em março, o livro Arquitetos da paisagem sobre o paulista criado no Rio de Janeiro (RJ) e que encontrou solo fértil para o seu talento em Belo Horizonte, Ouro Preto, Brumadinho e Congonhas, na Região Central; Cataguases, na Zona da Mata; e Araxá, no Alto Paranaíba.

Num passeio pela capital, é possível admirar, sem dificuldade, as famosas curvas da arquitetura de Oscar Niemeyer, de 101 anos, se integrando aos contornos floridos dos canteiros existentes desde a construção da Pampulha, há 66 anos, dentro do conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Para começar, Lana mostra a síntese de toda a obra do paisagista: o Museu de Arte da Pampulha (MAP), antigo cassino debruçado sobre a orla. “Aqui estão todos os elementos presentes nos seus projetos. As manchas de flores, isoladas no meio da grama, o contraste de cores, linhas sinuosas, formas orgânicas e vegetação do jeito que se apresenta na natureza. Outra forte característica é o espelho-d’água, sempre na forma ameboide”, relata o arquiteto, lembrando que o espaço guarda esculturas de José Pedrosa, Zamoiski e Ceschiatti e grande parte da memória da cidade. Contemplando a paisagem, que se emenda com a lagoa, ele diz que um jardim, público ou particular, deve proporcionar entretenimento, convívio, encontro, lazer, contemplação, alegria e beleza. “Burle Marx conseguiu casar todas essas ideias e sentimentos”, acredita.

Até Burle Marx se tornar referência no paisagismo modernista, com cerca de 3 mil projetos em vários países, todos os jardins públicos e de grandes residências no país eram calcados nos modelos inglês e francês, sendo um bom exemplo desse último a Praça Raul Soares, no Bairro Barro Preto, na Região Centro-Sul de BH. Ao romper com o padrão vigente, ele criou um estilo brasileiro, valorizando plantas nativas, como o coqueiro-macaúbas, muito comum no estado, e outras variedades rústicas. Muito desse conhecimento e respeito pelas plantas nacionais ele adquiriu em Minas, com o botânico Henrique Lahmeyer de Mello Barreto (1892-1962), que também é enfocado no livro de Ricardo Lana.

A próxima parada nesta viagem pela BH de Burle Marx é o Pampulha Iate Clube (PIC), construído em 1961, numa parte mais alta do bairro, de onde se tem uma vista que atravessa a lagoa e só termina na Serra do Curral. Mais uma vez, o artista trouxe das matas os coqueiros, que, por não darem muita sombra, garantem Sol pleno para os banhistas. Os volumes de lírios amarelos, a leveza da bela-emília, as massas de folhagem e os gramados amplos se complementam até encontrar o painel modernista Peixes, de Cândido Portinari (1903-1962), restaurado há três anos. Uma prática muito usada atualmente, a topiaria ou arte de adornar os jardins e dar às moitas configurações diversas, passaria longe da prancheta do paisagista. “Ele deixaria as plantas crescerem, fazendo apenas a poda normal, diferentemente do que se vê aqui no clube”, compara Lana.

DESCASO
Bem diante da lagoa, nas proximidades da escultura de Iemanjá, o estado da Praça Alberto Dalva Simão, na Avenida Otacílio Negrão, “faria Burle Marx se revirar no túmulo”. Ele fez um primeiro projeto para o espaço, entre 1942 e 1943, quando o nome ainda era Praça Santa Rosa, e um segundo, 30 anos depois. No entanto, toda sorte de degradação está no ambiente: pichações na estrutura de pedra-sabão, fonte quebrada, sujeira, pedras arrancadas, resto de fogueira, vegetação e plantas invasoras de grande porte. Trata-se um de projeto símbolo do paisagista, pois reúne rochas e vegetação de Minas Gerais. “Os canteiros, usando canga de minério trazida da Serra da Piedade, estão lastimáveis. As orquídeas desapareceram, assim como o cipó-de-são-joão, que ficava sobre a pérgula de concreto. Isso é o que se pode chamar de descaso. Era para ser um lugar fabuloso”, lamenta o arquiteto. A Administração Regional Pampulha informou que há projeto pronto da recupração da praça, mas que busca recursos para a execução da obra.

Mais adiante, na Casa do Baile, tudo parece perfeito, mas o estudioso da obra de Burle Marx mostra 13 árvores que interferem na fachada do prédio, onde há apenas um jardineiro para cuidar dos trabalhos. A diretora da Casa do Baile, a arquiteta Tereza Bruzzi, conta que um convênio firmado com a flora Tirol Plantas vai permitir a adoção do espaço, garantindo assim o fornecimento de mudas, a manutenção e a mão-de-obra.

No Iate Tênis Clube, fundado em 1943 e que abriga uma tela do paisagista, o projeto original do jardim também já sumiu do mapa, com profundas alterações no desenho primitivo. O gerente Alfredo Somasso diz que é feita manutenção sistemática. “Voltar ao traçado original seria impossível, pois não sabemos do paradeiro do projeto”, diz. Diante da questão, Lana, que acompanha a equipe nas visitas, se prontificou a dar uma cópia ao clube, para que providencie as obras. “Assim, vamos ver o que poderá ser feito”, acrescenta Somasso.
FONTE: http://www.uai.com.br/UAI/html/sessao_2/2009/01/18/em_noticia_interna,id_sessao=2&id_noticia=95777/em_noticia_interna.shtml

NOTÍCIA: Rio vai tombar 88 jardins de Burle Marx

A prefeitura do Rio vai tombar o conjunto de obras que Roberto Burle Marx, considerado um dos maiores paisagistas do século passado, legou à cidade. Dos 88 jardins já inventariados, 22 estão em imóveis privados, sem acesso público. A decisão foi anunciada pelo subsecretário de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design do Rio, o arquiteto Washington Fajardo. Segundo ele, o processo deverá ser concluído em 20 dias. Então, faltará apenas a assinatura do prefeito Eduardo Paes.

Mas o tombamento não basta. Fajardo reconheceu a necessidade de um mecanismo para garantir a conservação dos bens. Ele afirmou que pretende criar um fundo com objetivo de assegurar recursos para manutenção. "A gente não pode deixar de tombar pelo fato de hoje não ter dinheiro para isso. Não podemos mais perder acervos.".

Para Fajardo, o tombamento é uma forma de reconhecimento da responsabilidade do poder público. Também é um ato simbólico, comemorativo, mais uma das homenagens, disse, referindo-se ao centenário de nascimento do paisagista. Segundo ele, a plasticidade das obras de Burle Marx alcança grau de erudição, é única, inaugural. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

FONTE: http://www.estadao.com.br/noticias/geral,rio-vai-tombar-88-jardins-de-burle-marx,313640,0.htm

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

EVENTO 2009: IV Encontro Ministério Público em Defesa do Patrimônio Cultural

A Associação Brasileira do Ministério Público de Meio Ambiente promoverá o IV Encontro Ministério Público em Defesa do Patrimônio Cultural, o mais importante evento nacional do Ministério Público em prol da preservação de nossas riquezas culturais. O evento contará com a participação de palestrantes nacionais e internacionais de alto nível, e de consagrados ícones da defesa do patrimônio cultural brasileiro. Os principais objetivos do evento são:
- Debater os principais instrumentos judiciais e extrajudiciais aptos à tutela do patrimônio cultural.
- Discutir as normas existentes sobre a defesa e a promoção dos bens culturais.
- Traçar estratégias para a atuação integrada do Poder Público e da Sociedade para a efetiva tutela do patrimônio cultural brasileiro.
- Aprofundar os debates sobre aspectos de vanguarda na ação em defesa do patrimônio cultural, tais como: Tráfico de bens culturais; Crimes contra o patrimônio cultural; Turismo Cultural; Improbidade Administrativa; Tutela jurisdicional e extra-jurisdicional; Museus, Quantificação de danos, Urbanismo e Patrimônio; Unidades de Conservação; Educação Patrimonial; Patrimônio Cultural e Desenvolvimento Sustentável etc.
- Promover intercâmbio entre as diversas instituições e atores envolvidos com a tutela do patrimônio cultural em âmbito nacional e internacional.
- Difundir boas práticas desenvolvidas em defesa do patrimônio cultural.
Também estão previstas a realização de mini-cursos práticos e a apresentação de casos de sucesso na defesa do patrimônio cultural.

Período: 11 a 13 de março de 2009
Local: Centro de Convenções da UFOP - Ouro Preto MG
Informações e inscrições (vagas limitadas): http://www.abrampa.org.br/ouro_preto

domingo, 4 de janeiro de 2009

EVENTO 2009: II Encontro Nacional Sobre Patrimônio Industrial

Da industrialização à “desindustrialização”: perspectivas para o resgate e conservação do Patrimônio Industrial.

O evento será promovido pelo curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e pelo Comitê Brasileiro de Preservação do Patrimônio Industrial, entidade vinculada ao The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage.

Local: São Paulo/ SP
Período: 17 a 20 de junho de 2009

As inscrições para apresentação de trabalhos (comunicação oral e pôsteres) estarão abertas até 09 de fevereiro de 2009 para pesquisadores, estudantes de pós e de graduação, profissionais e pesquisadores que atuam em órgãos públicos e em instituições privadas, especialmente nas indústrias.
Áreas temáticas para o envio de trabalhos completos:
Temática 01:Teoria, proteção e conservação: inventários, restauração e reutilização doPatrimônio Industrial.
Temática 02:Gestão do patrimônio industrial: planejamento, turismo e educação patrimonial.
Temática 03:Patrimônio imaterial: artes e ofícios, ‘expertise’ e produção tradicional.
Temática 04:Arqueologia do patrimônio industrial: arquitetura, desenho e imagem.
Temática 05:Linhas de investigação do patrimônio industrial: agroindústrias e alimentícias, ferrovias, têxteis e vestuário, siderúrgicas e mecânicas, de mineração, setor químico, energia, redes de comunicação e infra-estrutura industrial e outras.
Temática 06:A fábrica e a cidade: industrialização, urbanização e urbanismo. Meio ambiente e “desindustrialização”.


Mais informações: http://www.vitruvius.com.br/evento/evento_detalhe.asp?codigo=207

 


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